Antonino Oliveira Júnior.
Até meados do século 20, onde hoje existe a Praça Theo Silva, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos abrigava a fé dos negros e pobres da cidade do Cabo, para missas, batizados, etc., pois a suntuosa Igreja Matriz abria suas portas para que os brancos, os senhores de engenhos e os ricos expressassem sua fé. Um dia, um prefeito derrubou a Igreja do Rosário dos Pretos, talvez até discordando da Lei Áurea, sob pretexto de criar um espaço de lazer, uma praça, tentou sepultar a lembrança histórica de nossos irmãos de cor.
Por ironia do destino, colocaram naquela praça o nome do poeta THEO SILVA, um mulato que esteve à frente de seu tempo, que nas décadas de 20, 30 e 40 escrevia uma poesia no estilo lançado na Semana de Arte Moderna em São Paulo, no ano de 1922. Poeta, seresteiro, músico e boêmio, Theo Silva, o mulato, brotou nas ruas da cidade como se uma semente tivesse escapado da atrocidade histórica cometida contra o Templo dos negros e pobres.
Hoje, lá está a Praça Theo Silva, em total abandono, servindo para abrigar bares irregulares, bebidas e, segundo comentários, drogas. É hora, acredito, de despertar dessa anestesia coletiva que faz a nossa população viver no mundo da lua e colocar os pés na Terra. Sem cuidar de seu passado, de suas raízes, não chegaremos a lugar nenhum do futuro, ainda mais vivendo apenas o presente, como se a vida fosse só agora e pronto.
A História sempre surpreende por caminhos imprevisíveis.A elite pensa que venceu e vem os despossuídos avisar : "olha nós aqui outra vez". Téo Silva, e agora esta relação com a Igreja Rosário dos Pretos,que eu desconhecia, precisa ser sempre lembrado, ter peças de teatro e até filme sobre ele. Um filme que poderia começar com a demolição da igreja dos negros. Bom e oportuno texto. O C abo precisa de coisas assiom . Roberto Menezes
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